quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Belém ainda está perdendo...





Belém a cada dia perde alguma coisa, já prestaram a atenção? já perdeu tantas e, ao que parece, ainda acumulará outras tantas perdas, entre as últimas, a possibilidade de ser uma das sub-sedes da Copa de 2014, ainda comentada aqui e ali...


Mas, de quem será a responsabilidade (prefiro não falar em [des]culpa!) por tudo isso??


Hoje, 05 de agosto de 2009, após mais um dia de trabalho, problemas a resolver, contas a pagar, telefonemas, consultas médicas, etc, etc... ao passar em frente ao Cine Olympia, tido como a mais antiga sala de cinema em funcionamento do Brasil, parei e li o anúncio do filme em cartaz. Atualmente, a "onda" é assistir filmes "arrasa-quarteirão" em grandes salas de cinema encrustadas nos shopping das grandes cidades. É uma pena, uma lástima que as salas de "cinema de rua", àquelas em que você comprava os ingressos, olhava os próximos lançamentos e se apressava para pegar o "melhor lugar", não sem antes comprar uma boa porção de pipoca em frente ao prédio ou até mesmo na ante-sala, e...


Pois bem, voltando ao filme... Me aproximei do cartaz e fiquei lendo a sinopse, enquanto isso duas garotas parece que tiveram a mesma idéia que eu. Logo depois, num sonoro "creeeedo, não gostei, vamos 'pro' shopping" percebi que o enredo do filme não havia agradado a elas, a mim sim, e entrei no Olympia...


Perguntei ao rapaz, que fica na entrada, se eu poderia entrar com a minha mochila, ao que me respondeu afirmativamente. O espaço entre a entrada do cinema e a poltrona escolhida me fizeram pensar em tantas coisas, cada passo me levava a imaginar tantas outras sessões, tantos [des]encontros de namorados, amantes, cada beijo roubado, cada leve toque de mãos, sussurros, sustos, gargalhadas, suspense... sessões insólitas, minhas preferidas!!


Escolhi então o "melhor lugar, nem muito atrás, nem muito na frente, no "ponto certo". Sentei, respirei fundo me preparando pra sessão, que pra mim é sempre mais que apenas um drama, uma comédia, um romance, vai além disso, muito mais além... e me vem o espanto (??) a sala está simplesmente vazia!!


Após algumas olhadas, em todas as direções da sala, percebo que não estou equivocado, a sala estava mesmo totalmente vazia, apenas eu e a tela... Respiro uma vez, duas, três e começo a pensar nas possibilidades do por quê de tal situação: será que o gênero não agradou, como àquelas duas garotas? não há tanta divulgação do espaço, da programação?? será que o circuito alternativo é assim mesmo "pra poucos"?? Mesmo sem saber as respostas, em voz baixa, deixo sair um desabafo "depois reclamam que em Belém não há programa bom, de conteúdo e de graça, se fosse pago estariam reclamando, como é gratuito, quase ninguém vêm". Mas, por que falei baixinho, se eu estava realmente sozinho na sala??


Enquanto o filme não começava, liguei a Bel e, após fazer um breve resumo do dia, falei de toda a minha indignação de estar no Cine Olympia, prestes a assistir a um bom filme, e a sala estava lá, vazia. Ainda sem chegarmos a uma conclusão para tal fato, me percebo num misto de sentimentos, será que se ninguém mais chegar, haverá sessão? eu deixarei de assistir ao filme por estar sozinho na sala? ou ainda, será que vou ter uma sessão no Cine Olympia todinha pra mim?? Antes, de respondermos ás perguntas, eis que uma jovem senhora chega e senta-se há umas três fileiras à minha frente e, logo depois, um casal também se junta a nós. Me despeço, pois o filme estava começando...


Entre uma cena e outra, me pego olhando a sala, contando e recontando os presentes... cinco... sete... dez... O friozinho gostoso da sala me fez elencar um outro motivo para se ir ao Olympia: fugir do imenso calor que assola as tardes e noites da Mangueirosa. E ainda outro, as poltronas são muito confortáveis, todas vermelhas, charmosas...


Eis que o enredo, do filme, chega ao final e não mais que vinte pessoas estavam lá. Saio da sala ainda indignado com essa situação toda: por que existem poucas salas de cinema que não sejam em shopping? mesmo com sessões gratuitas, por que o Olympia não lota? por que as pessoas não privilegiam esses espaços? seria uma características do paraense??


Esses questionamentos tomam conta de mim, quando percebo estou em frente ao Rosário e, já que o Olympia foi alimento pra alma, agora é a vez do corpo. Enquanto espero meu cachorro-quente "caprichado", olho pro céu e vejo uma lua cheia maravilhosa, alva, esplendorosa, como a me dizer "relaxa, você não está sozinho". E assim, me entrego ao lanche, como a filha saboreando o macarrão com molho de tomate e palmito feito pela mãe, Estamira...


Na volta pra casa, outras questões ecoam em minha mente: por que Belém perde tantas coisas? por que Belém está tão quente, barulhenta e suja?? Rapidamente, porém, me corrijo, "Belém não está suja ou barulhenta, nós é que a sujamos, poluímos". Somos nós que jogamos nas ruas aquela embalagem de bombom, lata de refrigerante e afins; já vi até um coco saindo de um ônibus e, por pouco não atropela uma senhora que se preparava pra subir no coletivo; por que os carros têm que ligar o som no último volume?? que costume é esse de usar a via pública como se fosse uma extensão do quarto, da sala, da casa?? será que não dá pra esperar alguns segundos, após o semáforo abrir, antes de "descer a mão nas buzinas"?? Isso resolve o trânsito caótico em que vivemos??


Por que Belém perde tantos espaços nas calçadas, ocupadas por cadeiras de bares, lanchonetes, ambulantes, lixo, entulho?? Onde está o nosso direito de ir e vir?? Onde estão os órgãos competentes que pouco ou nada fazem para coibir essas infrações ao código de posturas da cidade??


Voltando ao Olympia: parabéns a prefeitura de Belém por manter esse espaço que, mesmo pouco privilegiado por grande parte da população, ainda resiste bravamente; parabéns aos funcionários, desde o porteiro ao cara que bota a película pra rodar, parabéns!!


E, aos desinformados, o Olympia funciona de terça a domingo, sempre as 18h30, nem um minuto a mais, nem um minuto a menos, como em "Cidade Perdida". Vão lá, prestigiem, compareçam, não deixem que Belém perca mais esse espaço, prestigiem a "sala de cinema mais nostálgica e charmosa da Mangueirosa".


A propósito, o nome do filme era "O Último Louco", eu gostei e recomendo!!

Mais informações: http://espacomunicipalcineolympia.blogspot.com/

terça-feira, 14 de julho de 2009

Memória da esperança (Thiago de Mello)

Memória da esperança

Na fogueira do que faço
por amor me queimo inteiro.
Mas simultâneo renasço
para ser barro do sonho
e artesão do que serei.

Do tempo que me devora

me nasce a fome de ser.
Minha força vem da frágil
flor ferida que se entreabre
resgatada pelo orvalho
da vida que já vivi.

Qual a flama que darei
para acender o caminho
da criança que vai chegar?
Não sei. Mas sei que já dança,
canção de luz e de sombra,
na memória da esperança.

Dia dos meus 55 anos,
30 de março de 1981.

Thiago de Mello

domingo, 12 de abril de 2009

Tributo

Nós, os Pai D’éguas, somos de uma geração que cresceu e se formou ouvindo Legião Urbana. Suas letras e músicas influenciaram muito do que fomos e fizemos até aqui. Nossas “reuniões” universitárias eram sempre regadas à sua melodia e ainda que nem todos amassem esse movimento, sem dúvida sua marca está em cada um de nós. Sim, porque a Legião Urbana era mais do que uma banda, era um movimento libertador do potencial que cada um possuía. Mês passado, Renato Russo completou 49 anos, e, apesar de ele não estar mais entre nós, seu legado permanecerá conosco e para ele enviamos nossa mensagem: “Eu continuo aqui, meu trabalho e meus amigos, e me lembro de você, em dias assim, dias de chuva, dias de sol, e o que eu sinto não sei dizer...” Então, "Meninos e Meninas", vale a pena lembrar que a nossa "Geração Coca Cola" ainda tem muito que fazer, afinal "Que País é este?” no qual desde o “Descobrimento do Brasil” toca a "A Canção do Senhor da Guerra" e "Soldados" e "Indios" se enfrentam como “Duas Tribos”, desenfreando verdadeiros "Faroestes caboclos"? Há muito tempo que vivemos um verdadeiro "Teatro dos Vampiros". Então, "Será" que "Só por hoje" não podemos fazer "Um dia perfeito?". "Ainda é cedo", "Eu sei" e apesar do "Desemprego", "Há tempos" que "Pais e Filhos" buscam a "Perfeição". Vamos pegar "Os barcos" e sentir o "Vento no Litoral". Podemos ouvir o “Blues da Piedade” ou ainda "O reggae" e fazer "A dança" mais linda que existe. Ou ainda, podemos deixar apenas uma "Música ambiente" e ler "O Livro dos dias" e esquecer um pouco que "O mundo anda tão complicado". Podemos ainda construir uma "Fábrica" de "Comédias Românticas" na "Central do Brasil" para que as "Sete Cidades" esqueçam o "Tédio" e todos percebam que nem tudo foi "Tempo Perdido". "Por enquanto", "O que eu quero" é que todos nós, incluindo o "Maurício", "Eduardo e Mônica, "Clarisse" e "Nathália" espantem as "Flores do mal" e apreciem a "Via Láctea", afinal, depois que a "Tempestade" passar poderemos avistar "A Montanha Mágica" com sua "Fonte" capaz de deixar toda a humanidade "Sereníssima". Vamos aproveitar que “Hoje à noite não tem luar”, pegar um pedaço de "Giz" e desenhar "Algumas Coisas". Pode ser um "Monte Castelo" ou uns “Galhos Secos” e “Antes das seis”, "Quando o Sol bater na janela do teu quarto" , talvez "Quase sem querer" perceberemos que não estamos mais "Perdidos no espaço" e sim, "Numa outra estação". By Merie Pantoja

sexta-feira, 10 de abril de 2009

'Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo (e a minha alma) a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha". Alvaro de Campos

Só p testar; além disso, não tenho os 'préstimos' artísticos como alguns de vocês...então, empresto dos outros.